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Pequena nota sobre o termo "bastardo", empregado no documento sobre o estado de necessidade

PADRE BRUNO MARIA SARTORI
SUPERIOR DA FRATERNIDADE SACERDOTAL DE SÃO PIO X

Venho por meio desta pequena carta anunciar a todos que entenderam incorretamente o uso da palavra "bastardo" no contexto do documento que escrevi recentemente.

Muitas vezes, a língua inglesa acaba influenciando a língua portuguesa, e, algumas palavras podem ter seus significados distorcidos. Para alguns, por esta influência, talvez a palavra "bastardo" seja uma ofensa, um xingamento e uma palavra de baixo calão, porque no inglês, creio eu, originalmente ela significava o mesmo que no português: filho fruto de uma relação fora do matrimônio. Porém, como ser um filho bastardo não é algo muito bom, a palavra acabou se tornando uma ofensa.

Dom Marcel Lefebvre, em um de seus sermões de 1976, usa a palavra nesta forma, falando que os novos sacramentos são bastardos, por serem filhos ilegítimos da união adúltera entre a Igreja e a revolução. A versão inglesa ainda faz questão de ressaltar isso que disse.

Este sermão está no livro Carta aberta aos católicos perplexos:

"Todos os papas recusaram o consórcio da Igreja com a revolução, que é uma união adúltera e duma união adúltera não podem provir senão bastardos. O rito da missa é um rito bastardo, os sacramentos, são sacramentos bastardos, nós não sabemos mais se são sacramentos que conferem a graça ou que não a conferem. Os sacerdotes que saem dos seminários são sacerdotes bastardos, não sabem mais o que são; não sabem mais que são ordenados para subir ao altar, oferecer o sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo às almas." (Disponível aqui, e vale lembrar que quando ele diz "rito da missa é um rito bastardo", está falando da missa nova, e o mesmo vale para os outros sacramentos que ele fala)

O dicionário Michaelis diz o seguinte sobre o significado da palavra:

Meu uso desta palavra se deu unicamente por essa declaração. Espero que agora não haja dúvida sobre a aplicação do termo que parece ter ofendido alguns, talvez por desconhecimento do que ele signifique. Esta será minha última nota, já que alguns parecem ser incapazes de ler, apenas distorcer. Até agora, não tive nenhuma refutação a todas as objeções que levantei, apenas citações de frases (nem de encíclicas são) de Papas pós-conciliares, nada pré-conciliar.

Padre Bruno Maria Sartori